Como satélites Starlink, de Elon Musk, têm ajudado drones ucranianos contra tanques russos

Vídeo mostra forças ucranianas bombardeando tropas russas com drone. Imagem: Reprodução da internet

O sistema de satélites Starlink, de Elon Musk, está ajudando a mudar a face da resistência na Ucrânia, de acordo com o jornal britânico “The Times”. A Aerorozvidka, uma unidade especializada de reconhecimento aéreo dentro do exército ucraniano, está usando a internet via satélite da empresa para caçar tanques, caminhões e veículos que transportam equipamentos eletrônicos desde o início da invasão russa.

A Starlink é um projeto liderado pela SpaceX, que tem Musk como presidente e fundador, e pretende disponibilizar internet em todas as partes do mundo através de uma constelação de satélites — no momento, são pouco mais de 2 mil, com meta de chegar 4.425 em 2024.

A Aerorozvidka opera drones com câmeras térmicas para acompanhar a movimentação de veículos militares russos à noite, e precisam de internet de alta velocidade e estabilidade para funcionar — é aí que entra a Starlink. Os drones foram modificados para lançar granadas antitanque em alvos.

Os drones mais sofisticados da Aerorozvidka são conectados usando a rede da Starlink doada por Musk, que melhora a velocidade das conexões. O sistema garante que as equipes possam trabalhar mesmo se houver queda de internet ou falta de energia, que têm sido comuns na Ucrânia devido à guerra.

“Se usarmos um drone com visão térmica à noite, o drone deve fazer a conexão através do Starlink ao artilheiro e criar a aquisição de alvos”, disse um líder da Aerorozvidka à publicação.

Os drones são impossíveis de ver à noite e podem se aproximar dos alvos sem causar danos colaterais. O empenho é considerável: há cerca de 50 esquadrões de pilotos de drones na equipe, de acordo com o jornal britânico “The Week”.

Ajuda de Musk e países aliados

Em 26 de fevereiro, Mykhailo Fedorov, vice-primeiro-ministro da Ucrânia, pediu a Musk no Twitter que enviasse terminais Starlink para a Ucrânia. Musk concordou, escrevendo para Fedorov na rede social um dia depois que o serviço Starlink tinha sido ativado na Ucrânia e mais terminais estavam a caminho.

De acordo com os tweets de Fedorov, a Ucrânia recebeu pelo menos quatro remessas de terminais Starlink desde 1 de março. O vice-primeiro-ministro tuitou pela última vez sobre um novo lote de terminais Starlink chegando ao país na sexta-feira, 18.

A Ucrânia também recebeu antenas de internet de aliados europeus, disse Fedorov ao jornal “The Washington Post”. “A qualidade do link é excelente”, disse. “Estamos usando milhares de terminais com novas remessas chegando dia sim, dia não”, acrescentou, durante uma entrevista feita por uma conexão Starlink de um local não revelado.

Em 3 de março, Musk alertou os usuários do Starlink na Ucrânia para ativar o sistema “somente quando necessário”, pois eles podem se tornar alvos. Embora a segurança seja uma preocupação, os hackers russos ainda não estão interrompendo a tecnologia, disse Fedorov ao “Post”.

Mais drones a caminho

Embora não esteja claro se todos os pilotos da Aerorozvidka estão usando os mesmos drones, é possível que em breve eles também possam usar drones fabricados nos Estados Unidos.

O governo Biden anunciou na última quarta-feira que os EUA fornecerão à Ucrânia drones chamados Switchblades em um próximo pacote de ajuda ao país do leste europeu. Os drones podem atingir com precisão as tropas russas a quilômetros de distância.

De acordo com a rede de notícias NBC, existem duas variantes da arma, a Switchblade 300 e a 600, que foram vendidas ao Comando de Operações Especiais dos EUA pelo fabricante AeroVironment. O drone tem como objetivo destruir tanques e outros veículos blindados.

Ainda não há informação sobre qual versão seria fornecida à Ucrânia, ou se ambas seriam. Os Switchblades são conhecidos por serem bombas “kamikaze” de uso único.

Uol