Envio de dinheiro dos brasileiros ao exterior chega a US$ 2,1 bi em 2023 e supera pré-pandemia

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Os brasileiros enviaram mais dinheiro ao exterior em 2023, superando o patamar do período pré-pandemia. De acordo com dados do Banco Central, o volume subiu no ano passado e chegou a US$ 2,1 bilhões (cerca de R$ 10,4 bilhões), o maior da série histórica.

Os Estados Unidos continuam sendo o principal destino do capital do brasileiro, tendo recebido US$ 487 milhões (R$ 2,4 bilhões) no ano passado, ante US$ 426 milhões (R$ 2,1 bilhões) em 2022. Portugal e Reino Unido integram o ranking dos principais países para os quais os brasileiros mais enviaram dinheiro em 2023.

Proteção do capital contra incertezas no cenário político-econômico brasileiro

Segundo especialistas, os motivos das transferências de pessoas físicas para outros países são proteção do capital contra incertezas no cenário político-econômico brasileiro, gastos com turismo e educação, investimentos, mudança de país e transferências de valores para parentes que moram no exterior.

“De 2016 para agora, vivemos um regime de incerteza. Tivemos o impeachment da Dilma (Rousseff, ex-presidente), o caso da J&F, a pandemia de covid-19 e uma disputa ideológica de grupos políticos. Isso incentiva as pessoas a tirar o dinheiro do Brasil“, afirma Alexandre Chaia, economista e professor do Insper. “A tributação de investimentos no exterior é um problema para essa tendência, porque é uma forma de fechar o cerco no sistema tributário brasileiro.”

Desde 2014, o brasileiro enviou US$ 17,5 bilhões (R$ 87 bilhões) ao exterior. “Na década anterior, as pessoas estavam com maior confiança porque o Brasil estava crescendo. Com a instabilidade política, o volume de transferências aumentou. Para resolver isso, precisamos ter estabilidade no Brasil”, diz Chaia.

Estadão Conteúdo