Por: Marciel Nogueira
Ah, a tão esperada obra da Estrada de Pipa, esse sonho de consumo coletivo que agora virou pesadelo — e se depender do ritmo atual, talvez seja um pesadelo bem longo. Para quem esperava ver, finalmente, o milagre da modernização da rodovia que leva a um dos destinos mais turísticos do Rio Grande do Norte, é melhor se preparar: 2026 parece ser uma previsão otimista, e olha que estamos em 2024.
A obra foi orçada em nada menos que R$ 17,7 milhões, uma quantia considerável para um simples trecho de 18 km — ou, como preferem os otimistas, apenas uma “estradinha”. Só que, ao invés de presenciar um progresso digno de uma obra de grande porte, quem passa por ali vê 400 metros de estrada sendo “construídos” após uma semana de trabalho. E o que foi feito nesses 400 metros? O que era de se esperar de uma construção desse porte: a retirada do asfalto antigo, como se fosse um ritual de purificação do chão. Só que a purificação, infelizmente, não trouxe nenhum progresso concreto.
E enquanto o trabalho de “retirar as sobras do passado” avança, o que se observa é a população e o turismo sendo esmagados pela lentidão. O prejuízo gerado por essa obra — ou falta dela — é enorme e, melhor ainda, incalculável. Como se a temporada de turismo já não fosse um desafio por si só, os turistas agora são presenteados com um pedaço de estrada “em obras” durante o auge da alta estação. Aliás, essa estação não poderia ser mais alta para o caos: com os preços de temporada nas alturas, o mínimo que se espera é um mínimo de infraestrutura decente. Mas não, o que temos é uma estrada que parece ter sido feita para o turismo… de paciência.
Em vez de infraestrutura, o que resta são promessas — promessas de que um dia, quem sabe, teremos uma estrada que não pareça uma via de terra batida. O povo já se acostumou com as desculpas esfarrapadas: “Faltou material!”, “A chuva atrapalhou!” e a eterna “estamos aguardando o processo licitatório de novo.” Já a população local, com sua paciência à prova de tudo, já tenta ver o lado bom da história. Afinal, quem precisa de estradas quando se tem a arte da espera?
Mas é isso. No ritmo atual, o sonho de uma estrada digna entre a cidade e o paraíso de Pipa pode muito bem ser adiado para 2026 — ou para quando os deuses da construção civil decidirem que este pedaço de asfalto merece um pouco mais de atenção. Até lá, sigamos, como sempre, com o velho e bom improviso, aquele que nos ensina a arte da paciência e, claro, o amor pela estrada… cheia de buracos.