O Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) confirmou, nesta quarta-feira (17), que o desabamento ocorrido no bairro de Mãe Luíza, na zona leste de Natal, realmente foi provocado por uma explosão. A conclusão é de que o efeito explosivo foi ocasionado por um acúmulo do gás liquefeito de petróleo (GLP), conhecido como gás de cozinha, em uma das casas.
O passo a passo da perícia realizada no local do acidente foi apresentado durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira. O diretor do Itep, Marcos Brandão, explicou os pontos verificados pelo órgão. “A equipe de perícia verificou que, pelo padrão de explosão, o padrão dos vestígios e o padrão da queima, principalmente em relação à vítima, a explosão foi de baixo para cima, ou seja, começou do chão. O GLP é um gás pesado que se acumula no solo. Como era um ambiente confinado, houve uma concentração de gás que gerou o limite explosivo para o gás. Isso porque, quando o gás chega a uma determinada concentração (entre 1 e 10%), ele se comporta como explosivo, chegando a funcionar quase como um dinamite”, explicou o diretor, em entrevista à TV Tropical.
Ainda segundo o Itep, o efeito explosivo do gás somado à estrutura precária da casa, que não estava adequada aos padrões de construção, provocou o grande colapso no local. O desabamento, que aconteceu na madrugada do último dia 7 de fevereiro, atingiu cerca de quatro casas e matou quatro mulheres. Um casal de idosos também foi atingido, mas conseguiu sobreviver.
A perícia do Itep também descartou a hipótese de que a explosão poderia ter sido causada por algum tipo de explosivo, como dinamite, já que a investigação não apontou a presença de nitrato no ambiente. “Todos os vestígios levaram à conclusão de que houve a explosão provocada pela concentração de gás. Agora fica mais difícil determinar o que levou à essa concentração, já que o fogão estava intacto, inclusive o vidro temperado da tampa estava intacto, os botijões estavam intactos. Então pode ter acontecido algum vazamento ou o próprio fogão poderia estar com a boca aberta”, explicou.
Há a hipótese de que uma das vítimas, moradora da residência onde ocorreu a explosão, estaria dormindo e, após ter inalado grande quantidade de gás, teria desmaiado e ficado inconsciente, não sentindo o cheiro. A vítima estava queimada. O gás, quando começa a queimar, produz calor. Havia uma concentração muito grande de gás no ambiente, inclusive os vizinhos informaram que, desde a meia noite, já sentiam cheiro de gás. Quando concentrado, o gás produz calor e também ondas de choque, que provocam grande destruição. O gás de cozinha possui um cheiro muito forte exatamente para alertar que está tendo vazamento, mas ao que tudo indica a vítima dormia no momento e pode não ter identificado ou até mesmo ficado inconsciente”, destacou.
Ainda de acordo com o diretor do Itep, a investigação ainda não acabou. “O próximo passo da perícia é tentar identificar o agente ignitor, inclusive podemos até não chegar a ele. Porém faremos mais algumas análises laboratoriais. Vamos analisar os elementos da cena, para ver a questão da parte da instalação elétrica da casa, para tentar mapear aquilo que as circunstâncias possibilitam que sejam mapeadas”, informou Marcos Brandão.
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