Médico suspeito de crimes sexuais e denunciado por mais de 80 mulheres é preso em Gramado; veja os detalhes

Klaus Brodbeck é investigado por abusos sexuais de pacientes que procuravam seu consultório — Foto: Reprodução/RBS TV

A Polícia Civil prendeu preventivamente na noite desta sexta-feira (16), em Gramado, na Serra, o médico Klaus Wietske Brodbeck, suspeito de crimes sexuais contra 83 mulheres. Ele foi alvo de uma ação da Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM) de Porto Alegre na terça-feira (13) e prestou depoimento na quinta (15).

A decisão é da 2ª Vara Criminal do Foro Central da Comarca de Porto Alegre, após parecer favorável do Ministério Público. Ele será conduzido para a DEAM, onde aguardará vagas no sistema prisional.

G1 entrou em contato com o advogado de defesa do cirurgião plástico e aguarda retorno. Mais cedo, Gustavo Nagelstein afirmou que uma das denunciantes é uma pessoa que teria cometido uma extorsão contra Klaus há alguns anos e que o médico está disponível para prestar esclarecimentos.

De acordo com a polícia, após a publicação de vídeos em redes sociais pela namorada do investigado, diversas vítimas se sentiram coagidas. Foram registradas ocorrências policiais e instaurado inquérito.

Médico investigado por abuso sexual presta depoimento à Polícia em Porto Alegre
Médico investigado por abuso sexual presta depoimento à Polícia em Porto Alegre. Foto: Divulgação

Entenda o caso

Segundo as denunciantes, o profissional tocava as mulheres de forma imprópria, e pedia para ver todo o corpo das pacientes mesmo que a cirurgia fosse no rosto, por exemplo.

A RBS TV conversou com duas mulheres que consultaram com Klaus, e contaram ter passado por situações constrangedoras e abusivas. Uma das denunciantes conta ter implantado silicone com o médico quando tinha 16 anos.

“Ele modelava o corpo da mulher, no caso eu e outras vítimas, do jeito que ele queira. Ele me fez uma lipoaspiração e não cobrou por isso. Ele vai fazendo no corpo das mulheres o que ele bem entende, como ele gosta”, afirma a mulher, que atualmente mora em São Paulo.

Ela precisou diminuir as próteses e ficou três meses de cama em decorrência da cirurgia. A mulher processou o médico devido aos problemas causados pelo procedimento.

“A conduta dele era bem estranha, muito constrangedora. Desde a primeira vez que eu fui lá pra colocar silicone, era só pra fazer o peito e ele já pediu pra tirar toda a roupa. Ele fazia uns olhares muito constrangedores, passava a mão no corpo de uma forma muito constrangedora, mas, na época, acho que de alguma maneira esses abusos era mais normalizados. Deixei passar isso e me dei muito mal, me arrependo muito”, aponta.

Outra jovem conta que passou seis anos com medo de falar sobre o que aconteceu dentro do consultório do médico, mas agora criou coragem e resolveu quebrar o silêncio.

“Nem pro meu esposo eu não falei por vergonha mesmo, não faz muito tempo assim que eu consegui falar sobre isso. Porque eu ficava constrangida, porque eu me senti até o termo assim uma idiota mesmo né? Como que eu não tive reação nenhuma? Mas na hora a gente não tem porque a gente não espera aquilo de um médico”, afirma.

A mulher diz que o médico perguntou se ela “sabia guardar segredo”. “Ele disse assim porque alguns procedimentos, claro, a cirurgia seria feita no hospital ou na clínica, mas que outros procedimentos ele iria fazer no apartamento dele e que isso eu não poderia falar pra ninguém”, afirma.

A mulher não realizou os procedimentos e não consultou mais com o médico.

G1RS