O caos da saúde no RN: Uma crônica do desespero

O Rio Grande do Norte atravessa uma das mais dramáticas crises em sua saúde pública. Não se trata de uma simples estatística ou de um dado distante da realidade da população. O sofrimento diário é palpável nos corredores dos hospitais, onde pacientes são tratados como números em meio ao caos. A realidade de hospitais lotados, sem vagas, com pacientes em macas nos corredores, é um retrato cruel de um sistema falido que a cada dia se torna mais incapaz de salvar vidas. A situação é ainda mais grave quando médicos, como os obstetras de Mossoró, decidem paralisar suas atividades devido à falta de pagamento. Sete meses de atraso nos salários são um verdadeiro escárnio para aqueles que trabalham dia e noite para tentar salvar vidas.

O Hospital Regional Tarcísio Maia, em Mossoró, é um dos exemplos mais emblemáticos dessa tragédia. Médicos da UTI, após meses de promessas não cumpridas, decidiram por unanimidade, em assembleia, parar suas atividades a partir dessa terça-feira 26 de novembro. Os repasses da Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) estão atrasados desde julho, o que agrava ainda mais a situação de quem já enfrenta um sistema saturado e falido. O anúncio de paralisação é um grito de desespero que ecoa nos corredores dos hospitais do estado, onde a cada dia o atendimento piora e a população sente na pele a falta de responsabilidade e compromisso com a saúde.

E onde está a governadora Fátima Bezerra diante de tanta tragédia? Quando chega o período festivo, a governadora e sua trupe se apressam em percorrer o estado, marcando presença em festas, danças e comemorações que pouco ou nada contribuem para a resolução dos graves problemas que afligem a população. Enquanto isso, em Mossoró, em Natal, e em todo o estado, a saúde agoniza. Não há mais tempo para celebrações vazias e promessas que nunca se cumprem. A saúde precisa de ação imediata, de soluções concretas que atendam à urgência da situação.

O Hospital Walfredo Gurgel, em Natal, também é um reflexo desse caos. O maior hospital do estado, onde vidas são salvas ou perdidas a cada dia, está à beira do colapso. Falta leito, falta infraestrutura, falta dignidade. A paciente que aguarda horas ou até dias para ser atendida é, na prática, ignorada por um governo que não honra seus compromissos e esquece de priorizar o que é mais importante: a vida.

O Rio Grande do Norte não pode mais se permitir esse jogo de maquiagem. Não pode mais se iludir com discursos de que tudo está “caminhando bem”. O povo está cansado das promessas vazias. Quando a vida humana se torna uma estatística e a saúde uma calamidade, é preciso que as autoridades se lembrem de que são elas as responsáveis pela gestão pública. Não se pode mais permitir que a saúde do RN continue sendo um tema de carnaval ou um show de luzes e sons, enquanto a população morre esperando atendimento. O caos instalado é uma vergonha e a urgência da mudança é mais do que clara.

A governadora Fátima Bezerra precisa se dar conta de que a festa acabou. Não é mais possível esconder a realidade por trás de discursos e visitas a festas regionais. O Rio Grande do Norte exige seriedade, respeito e compromisso com aqueles que, todos os dias, dependem do sistema de saúde para viver. A saúde do RN clama por socorro. E esse socorro não pode mais esperar.