Uma mulher que vivia em situação de violência doméstica e pobreza foi absolvida na última terça-feira (5) de uma acusação de tentativa de homicídio contra o ex-companheiro após sua defesa usar a tese de “esgotamento emocional”. O julgamento ocorreu na 1ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza.
O caso foi em 2014, quando a mulher tinha 22 anos. Segundo a Defensoria Pública, que representou a mulher no julgamento, ela e o ex-companheiro entraram em uma briga corporal após o homem cortar o cabelo do filho deles à força. Neste momento, a mulher deu uma facada no ex-companheiro.
“O filho do casal tinha cabelos crespos e em um dos dias de convivência da criança com a família paterna, o pai cortou o cabelo do filho, supostamente ignorando todo o cuidado que a mãe tinha. Importante pontuar que estamos falando de uma mulher negra, cujo cabelo é considerado um símbolo da sua identidade. Quando a criança voltou para o convívio materno, a mãe, muito esgotada emocionalmente, retornou à casa do pai para questionar sobre o ocorrido. Foi quando eles entraram em conflito corporal”, destacou a defensora pública Michele Camelo, que atuou no caso.
A mulher ficou quatro meses presa pela facada e, posteriormente, foi acusada pelo Ministério Público pelo crime de tentativa de homicídio. Depois que a mulher deixou a unidade prisional, ela e o ex-companheiro, inclusive, reataram o relacionamento.
Ao longo do relação, a mulher passou duas vezes pela Delegacia da Mulher após ter sido agredida pelo ex-companheiro – em uma das vezes, com uma paulada no rosto.
Em sua defesa, a Defensoria destacou que a mulher é órfã de pais, foi criada pelos avós, que já faleceram, e vende churrasco em uma feira para sustentar os dois filhos, além de precisar realizar sozinha todo o trabalho doméstico.
Conforme o órgão de defesa, o ápice da “sobrecarga mental” levou a cometer a tentativa de homicídio contra o ex-companheiro.
G1CE